Uma visita ao Rio de Janeiro não é completa se não passar por Madureira.
“Cê” tá de sacanagem?
“Tô” não.
Parece que este bairro importante da Zona Norte do Rio passa longe da rota turística tradicional. Não lembro de ter escutado alguém com orgulho de ser carioca incluí-lo no seu discurso que exalta a cidade. De fato, conversando com amigos de lá [daqui], grande parte achava graça quando eu dizia: “vou pra Madureira“.
“É subúrbio”. “É longe”. “É feio”, alegavam. O curioso é que eles: 1) nunca foram ou 2) ficaram só algumas horinhas.
Apesar de ser mesmo longe, uns 25km do Centro, o acesso é fácil, seja pela SuperVia [com embarque na conhecida Central do Brasil] ou por BRT.
Ao chegar, não dá pra não notar a passarela lotada, os fios de luz e as linhas de trem que cortam o coração do bairro. Não é referência nos quesitos organização e limpeza, mas tem vida, música, gente alegre e movimento. Sem dúvidas um lugar de experiências autênticas.
MERCADO NO SUPERLATIVO
Com 59 anos de história, o Mercadão de Madureira é hoje o maior e mais completo mercado popular do Brasil, suas mais 580 lojas atraem cerca de 80.000 visitas diárias.
De material escolar à bebida importada, alimentação à roupa, ervas medicinais à pipas, lá se pode encontrar [quase] de tudo por um preço acessível.
De material escolar à bebida importada, alimentação à roupa, ervas medicinais à pipas, lá se pode encontrar [quase] de tudo por um preço acessível.
O lugar, Patrimônio Cultural do Povo Carioca, é tão grande [mercadão!] que eu quando fui literalmente me perdi.
CAPITAL DO SUBÚRBIO, BERÇO DO SAMBA
O bairro é conhecido como “Berço do Samba”. Duas das escolas mais tradicionais do carnaval carioca estão lá. Portela, a maior campeã da história com 22 títulos, e Império Serrano, a quarta maior vencedora com 9. Nenhum outro bairro do Rio tem mais vitórias que esse.
Na minha visita ao barracão da Portela durante a noite, a única coisa que faltou foi um ar-condicionado.
Principalmente nos meses que antecedem o carnaval, as escolas organizam almoços aos sábados, com muita feijoada, samba, dança e até presença de grandes nomes do samba. Pra participar, é só verificar a programação e comparecer!
LÁ NÃO TEM PRAIA, MAS TEM UM SUPER PARQUE
Terceiro maior da cidade, o Parque Madureira brinda em sua área de 450 mil m² um jardim botânico, academia para terceira idade, ciclovia, quiosques de alimentação, fontes, quadras esportivas, pista de skate e… “A” Praça do Samba.
Quando visitei pela primeira vez, até tirei uma sonequinha na grama. Foram mais de 6 horas andando pelo parque, com direito a açaí, pipoca, tapioca, cerveja gelada, novos amigos e samba ao vivo. A experiência de ver um aglomerado de pessoas que exalavam paixão e alegria quando dançavam e cantavam [sorrindo] foi incrível. Ali eu me contagiei e quando vi, já tava sambando sem pensar na ordem dos passos e me emocionando ao cantar [de cor] aquela canção do Arlindo Cruz.
E TAMBÉM TEM MUITO CHARME.
Além de encanto, “charme” também é música.O termo, criado nos anos 80 por um DJ chamado Corello, define o tipo de festa onde se toca musica black [hip hop, R&B, swing].
Há 25 anos, todos os sábados embaixo do viaduto Negrão de Lima, também conhecido como Dutão ou Viaduto de Madureira, acontece o maior Baile Charme do Brasil.
Um aspecto característico dessa festa é a dança coletiva. Juro que quando fui, fiquei im-pres-si-o-na-da com a desenvoltura dos que lá estavam. Sem saber se era improviso ou ensaiado, eu assistia hipnotizada as centenas de pessoas dançarem o mesmo passo em sincronia. Era divertido tentar fazer igual.
Também foi impactante ver como homens e mulheres se expressavam através do que vestiam. Roupas com muita cor, combinações pensadas, acessórios grandes e igualmente coloridos. Volume do cabelo afro orgulhosamente assumido. Muita presença, personalidade e estilo.
Desde fevereiro de 2013, o Baile Charme virou Patrimônio Imaterial da cidade do Rio de Janeiro. Segundo sua página, o evento “faz parte de toda cultura black dentro e fora do estado. Tem presença forte na construção da identidade negra, seja pela dança, pelo estilo, ou pela atitude.”
O melhor?
Dá pra fazer tudo em um só dia [nessa ordem mesmo].
O que achou? Bora pra Madureira?
Fonte dos textos e fotos: viagemeturismo.abril.com / Thymonthy Becker
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Valeu por viajar no tempo